quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Personagem

Sou eu quando recosto-me no travesseiro?
Sou eu no reflexo do espelho?
Não me reconheço mais...
Sou assim? Mas esse nem se parece comigo...

Eu não era admirável, invulnerável?
Mas, ao me encarar,
encontro-me franzino e fraco.
Quem eu sou? Ou melhor: eu sou eu mesmo?

Meu personagem estava mais elaborado que o meu eu
e ele era tão digno de vida que dei a minha...
Porém arrependo-me de cada atuação dele no palco da vida
cada trama bem encenada, cada palavra erudita.

Agora, o personagem subjuga o ator.
O que me resta é continuar a viver assim?
Por trás de cada sorriso "feliz",
de cada ato fingido, esconder a dor
de ter feito uma escolha tão ruim?


por Maik Dias 

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Minha Oração

Com todos esse adjuntos a minha volta,
acho que o meu sujeito ta indeterminado.
Me impõem subordinados e predicados,
mas na verdade, quero ser um período simples.

A minha oração não precisa ser principal,
só preciso de um verbo que me ligue a você
E assim nossas orações seriam coordenadas
e nossas histórias sempre conectadas.

Quero viver com você o presente,
para depois olhar pra trás e ver o nosso pretérito mais que perfeito,
e que você é meu complemento nominal.
Quero que você seja meu aposto
e que amor seja o nosso vocativo.

Por Maik Dias

domingo, 2 de fevereiro de 2014

Des(com)passo

Ando tão descompassado
nesse mundo
que gira ao contrário...
Todos se preocupam
se futuro ou passado,
acabam se esvaindo
da dádiva do presente...

Tentando andar
no compasso do mundo
no átrio do mundo
no concreto do mundo
mundo que nem mesmo sabe
ao redor do que gira,
e esquece que o mundo,
esse mesmo mundo,
não é feito de poder,
mas de gente!

Corrompem o amor
e se vendem
por qualquer sedução,
paixão ou fugaz arrebatação
nesse mundo onde o prazer
tornou-se moeda de troca,
troca de valores e conceitos, 
desdenha de quaisquer preceitos...
Não somos nós mesmos
pelo ridículo medo
de não sermos aceitos!

Por Jordão Pablo de Pão e Maik Dias

domingo, 5 de janeiro de 2014

Insônia

De madrugada, ao olhar à janela,
vejo luzes acesas e apagas,
palavras mal ditas e palavras caladas,
pessoas aflitas e inconformadas,
luzes de vida, baladas...
Que a luz brilhe muito tempo,
porque, quando apaga, não nos sobra nada...

Nada que nos conforte
ou que nos recoloque
no incrível giro de um mundo insano
em que, vertido o pranto, a luz nada
faz. Ou propõe. Ou dispõe.
Luz que acende, mas que não brilha
Luz que diverge, luz que afasta
Cadê você, morada inquieta,
mulher amada, verdade desejada?


Por Jordão Pablo de Pão e Maik Dias, 05.01.2014.